O Sistema Único de Saúde (SUS), é o maior sistema de saúde pública do mundo. As consultas com um mastologista é uma das especialidades que o SUS oferece. Assim, a mastologia na UBS é importante por ser, muitas vezes, a única forma da mulher ter acesso à mamografia.
Já sabemos que para a prevenção do câncer o principal meio é a mamografia anual. Todavia, o exame em uma rede privada não é acessível para todos. Assim, o SUS possibilita á todos acesso a saúde garantido na constituição do nosso país.
Porém a mastologia na UBS ainda conta com diversos problemas, como falta de recursos e grande fila de espera para atendimento e tratamento. O artigo abaixo fala mais sobre a importância dessa especialidade e de alguns problemas que ela enfrenta no SUS.
Importância da mastologia na UBS para o rastreamento do câncer de mama
Assim como o ginecologista, o mastologista é um médico importante para a mulher manter sua saúde em dia. No entanto, o acesso a um, muitas vezes não é possível para a maioria, pois o valor das consultas em redes privadas de saúde extrapola o orçamento de grande parte dos brasileiros.
Por este motivo o SUS foi criado, para fazer valer o que diz a constituição..
A partir dos 50 anos a mulher passa a fazer parte do grupo de rastreamento do câncer de mama no SUS. Assim, a mulher deve se consultar com o médico ao menos uma vez por ano para realizar o exame de mama. Ao menos é assim que deveria ser.
A realidade é que 80% da população brasileira utiliza apenas o SUS para cuidar da sua saúde. Deste modo, as filas para qualquer exame ou tratamento tem uma demanda maior do que o programa pode comportar.
Recentemente, um levantamento mostrou que a taxa de cobertura da mamografia pelo Sistema Único de Saúde é baixa entre ao público alvo: mulheres entre 50-59 anos corresponde á apenas 32%; entre 60 e 69% anos o número é ainda menor, apenas 25%.
Desta maneira, a demora em realizar a mamografia pode ser um fator decisivo. Pois, especialistas alertam que o câncer pode se desenvolver para um estágio mais avançado nesse período. Vale ressaltar que identificar o câncer de mama no inicio faz com que as chances de cura cheguem a até 90%.
Segundo médicos, a recomendação para a mamografia assintomática – quando não há nenhum sintoma que indique câncer de mama, seja feita a partir dos 50 anos. Entretanto, a maior cobertura de mamografia é justamente em mulheres que não estão nessa faixa de idade.
Em 2010, realizou- se 3.126.283 mamografias pelo SUS em mulheres a partir dos 40 anos.
Demora em realizar a biópsia
A biopsia é um exame que consiste em retirar um pequeno fragmento de pele ou nódulo para análise.
Neste caso, quando encontrado um nódulo no seio através da mamografia, é necessário realizar a biopsia para saber se aquele tumor é benigno ou maligno. Assim, este exame é fundamental para descobrir a gravidade da massa e qual será o método para trata-lá.
Entretanto, a demora em conseguir realizar a biopsia também é um dos problemas que as mulheres que dependem do SUS enfrentam.
A relação entre o número de biopsias e o numero de mamografias é preocupante. Segundo pesquisa, o número de mulheres que recebem indicação para realizar o exame após a mamografia é 0,36. Porém, o ideal seria esse número de relação alcançar 1.
A pesquisa também mostra que a pior relação esta na Região Sul do país, isso para as mulheres de todas as faixas etárias. No entanto, a melhor relação de números esta no Nordeste, e na faixa etária entre 60-69 anos em todas as regiões.
Demora do diagnóstico até o tratamento
O inicio imediato do tratamento é fundamental, pois, garante melhora do câncer. Entretanto, em muitos casos há demora em começar esse processo.
A média em 2017 era que mais de 50% dos casos aguardavam mais de 60 dias para começar o tratamento. Já em 2018 os números apontam uma leve melhora nessa espera, porém, um grande número de pacientes não sabem quanto tempo esperaram entre o diagnostico e o tratamento.
Leis que melhoram a mastologia na UBS
A lei 12.732/2012 estipula o prazo máximo de 60 dias para o SUS dar inicio ao tratamento para pacientes diagnosticados com câncer. Assim, o texto da lei garante que o prazo começa a valer a partir do momento que o paciente receber o diagnóstico do médico.
Quando o paciente realizar o primeiro tratamento, que pode ser cirurgia, radioterapia, quimioterapia etc. o prazo é considerado cumprido.
Em estados que não contarem com estrutura para oferecer serviços especializados em oncologia, um plano regional deverá ser feito.
Dessa forma, com a lei que garante um prazo para o tratamento ter inicio, as chances de cura aumentam. Em casos de mulheres com câncer de mama, as chances podem chegar até a 95%.
Reconstrução da mama
Além da lei dos 60 dias, a lei aprovada pela então presidente Dilma Rouseff, obriga que o Sistema de Saúde Pública faça a cirurgia de reconstrução da mama imediatamente. No entanto, pacientes que não puderem fazer a cirurgia quando o câncer for retirado a paciente deverá ter acompanhamento clinico.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o país atualmente possui 181 serviços de saúde que são habilitatos para relizar a cirurgia. Assim, no ano de 2012, o SUS realizou 1.392 cirurgias de reconstruções mamárias, o custo foi de aproximadamente R$ 1,15 milhão.
Todavia, a Sociedade Brasileira de Mastologia garante que, em um número de 20 mil mulheres que precisa fazer a retirada das mamas, nem 10% conseguem realizar a cirurgia.
Isso ocorre devido à falta de estrutura nos hospitais públicos. Existe uma enorme carência, desde falta de centros cirúrgicos e materiais para a cirurgia, até mesmo profissionais especializados. Pois, necessita de um cirurgião plástico ou um mastologista com especialização em reconstrução de mama.
Melhorias na UBS e agilidade no tratamento do câncer
Segundo dados publicados pelo Ministério da Saúde em 2020, o atendimento para pacientes que procuram se prevenir ou o tratamento do câncer está mais ágil. De janeiro a julho de 2020 99,57% dos casos em estágio inicial, a espera pelo tratamento foi de até 30 dias.
Em relação às mamografias realizadas no SUS, o número chegou a 1.132.237.
Ainda o Ministério garante que mulheres entre 50 e 69 anos, independentemente dos sintomas, ao ir a consulta com o mastologista na UBS, será abordada com um exame de mamografia. Pois, segundo o Ministério essa é a melhor forma de prevenção.
No site há algumas recomendações para prevenir o câncer de mama, por exemplo:
Amamentação: estima-se que o risco de desenvolver câncer de mama diminui cerca de 4% a 12% a cada 12 meses de amamentação. Deste modo, o governo investe em campanhas para promover o aleitamento materno, como a Campanha Nacional de Amamentação.
Além disso, realizar atividades físicas, manter uma dieta saudável, não ingerir bebidas alcoolicas e cigarros auxiliam na prevenção.
Importância do rastreamento e mastologia na UBS
Estatísticas apontam que países que tem programas efetivos de rastreamento, que abrange toda a população alvo, possui qualidade nos exames e, sobretudo um programa eficiente de tratamento que seja adequado para suas pacientes, a mortalidade por câncer de mama diminui.
Esse impacto positivo demonstra a importância da adoção do rastreamento como politica publica de saúde, o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda.
No caso do Brasil, a mamografia é o único exame de que tem sua eficácia comprovada para o diagnostico precoce do câncer de mama, assim, aumenta significativamente as chances de cura das pacientes.
Por este motivo, é fundamental que a UBS tenham disponível um mastologista para as mulheres. É de extrema importância que ao notar qualquer alteração nos seios a mulher vá à unidade mais próxima para que para análise.
As alterações na mama muitas vezes indicam sintomas de outras doenças possíveis que podem acometer a área, por exemplo:
Displatia mamária; Alterações na textura da mama, pode ser irregular o granulosa. Os possíveis sintomas são dor na mama, nódulo mamário, e alteração na textura da mama.
Fiobradenoma; Tumor não cancerígeno, em grande parte ocorre em mulheres mais jovens. Os sintomas podem incluir dor nos seios e nódulos mamários.
Ectasia ductal; Comum em mulheres a partir dos 40 anos. É uma infecção que atinge os ductos mamários, frequentemente se confunde com câncer. Provoca dor e secreção mamária, que muitas vezes pode ter uma cor escura.
Afecção funciona benigna das mamas (AFBM); Também conhecido como displasia mamária não tem uma causa definida. É comum acometer mulheres jovens e o tratamento é feito com medicamentos. Os sintomas são dor na mama, endurecimento e aparição de nódulos.
Conclusão
Entendemos que existem diversos problemas no Sistema Único de Saúde por falta de recursos, porém, ele é fundamental para a população.
Em resumo, o acesso a um profissional da mastologia na UBS é de extrema importância para a saúde da mulher. Além de prevenir doenças como as citadas acima, as UBSs também criam rodas de conversa que promovem a conscientização sobre a prevenção do câncer de mama.